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23 de abril de 2009

O pior da crise: trabalhador contra trabalhador

Os patrões e seus governos são os únicos culpados pela crise. Mas, querem que os trabalhadores paguem por ela. Pior que isso, incentivam a luta de trabalhadores contra trabalhadores. Se isso acontecer, está aberta a porta para o fascismo.

No início de fevereiro, trabalhadores de uma usina nuclear na Inglaterra decidiram entrar em greve. O motivo principal foi a decisão da empresa de empregar italianos e portugueses pagando salários mais baixos. A palavra-de-ordem do movimento: “Empregos ingleses para trabalhadores ingleses”. Ou seja, a greve teve como alvos principais outros trabalhadores e não os patrões.

Em outras partes da Europa começam a acontecer casos assim. Os patrões cortam custos contratando trabalhadores que aceitam receber menos e ainda provocam divisões entre a classe trabalhadora. Ganham ainda mais força as propostas de limitar o acesso de imigrantes nos vários países europeus. É tudo o que os patrões e seus governos querem.

Claro que a revolta dos trabalhadores ingleses é justa. Mas, devem dirigir sua raiva contra os verdadeiros responsáveis pela situação. Os patrões e os governos que aplicam a política neoliberal há décadas. Uma política que levou ao atual desastre.

O fato é que a competição entre trabalhadores por emprego é típica do capitalismo. Graças a ela, os patrões mantém baixos os salários e desunidos os operários. O que varia são as situações em que ela se dá. Em épocas de crescimento econômico, a competição é por salários melhores e empregos formais. Em épocas de crise, passa a ser por qualquer emprego e pela própria sobrevivência.

O discurso da burguesia diz que quem se esforça, vence. Diz que é possível que alguém pobre suba na vida. Em parte é verdade. No capitalismo, não há leis ou costumes que proíbam pessoas pobres de mudar de classe, tornando-se parte da burguesia. Mas, para cada camelô que vira Silvio Santos, milhões morrem trabalhando duro e ganhando uma miséria. Além disso, é praticamente impossível “subir na vida” sem trapacear e pisar em muitos dos “concorrentes”.

Por outro lado, como toda classe dominante, a burguesia usa todos os preconceitos a seu favor. Inclusive, os que já existiam antes de ela chegar ao poder.

No capitalismo vale a competição, não a cor da pele. Mas, todos os números provam que negros e, principalmente, negras ganham menos e têm os piores empregos. No capitalismo, vencem os competentes, não importa seu sexo. Mas, as mulheres sempre ganham menos que os homens no mercado de trabalho. Na competição capitalista não importa a origem familiar. Mas, há países, como a Índia, em que pessoas continuam a ser consideradas inferiores por sua origem de sangue. Os patrões indianos se aproveitam disso para pagar salários menores a elas.

Ou seja, o racismo, o machismo, a intolerância, são condenadas pela burguesia. Mas, são utilizados e reforçados por ela a toda hora. É só ver quantos programas de TV e rádio espalham esse tipo de coisa, dia e noite. Isso faz com que os trabalhadores fiquem desunidos e possam ser dominados e explorados mais facilmente.


Na crise atual, na Europa, estão culpando os estrangeiros pelos problemas de desemprego. Em outros países, podem vir a ser os camponeses, como na China. Ou os que vieram de outras regiões do país, como os nordestinos no Brasil ou os indígenas em outros países latino-americanos.

A última vez em que a burguesia teve sucesso em convencer os trabalhadores a lutarem entre si com argumentos preconceituosos e racistas foi uma tragédia. Foi nos anos 1930, quando os fascistas assumiram o poder em vários países. O nacionalismo virou fanatismo e dezenas de milhões de pobres e trabalhadores morreram. Mataram-se uns aos outros na Segunda Guerra Mundial.

O momento é muito perigoso. As organizações populares e de trabalhadores precisam estar preparados para matar essa cobra ainda dentro de seu ovo. Recusar qualquer luta contra setores da população pobre ou trabalhadores.

Os culpados são unicamente os patrões e os governos e políticos que os apóiam. Eles é que devem ser o alvo de nossas greves e jornadas de luta. Nada de acordos entre patrões e empregados em nome da salvação geral. Isso é coisa de traidores da classe. A burguesia só quer saber de salvar seu próprio couro.

Temos que defender a redução da jornada de trabalho sem redução salarial e abertura de novos postos de trabalho. Precisamos de mais empregos e salários dignos para todos. Não podemos ficar brigando por migalhas entre nós, enquanto os exploradores olham, gordos, satisfeitos e sorridentes.


Fonte: Revolutas

9 de abril de 2009

Incêndio criminoso destrói casa no Santuário dos Pajés


Um incêndio destruiu a casa de uma família indígena no Santuário dos Pajés na manhã desta segunda-feira, 30 de março. A casa pertence ao índio fulniô Towê, que se encontra em viagem ao nordeste brasileiro neste momento. Dentro da habitação foram destruídos bens pessoais como documentos, móveis, alimentos e peças de artesanato, utilizadas como material de trabalho por Towê.

Pela tarde, uma equipe da perícia da Polícia Federal esteve no local para averiguar o ocorrido. Segundo Satxiê Tapuia, Pajé do Santuário, que acompanhou os policiais, um laudo técnico será finalizado até quarta-feira. Mesmo sem confirmação imediata, tudo aponta uma ação criminal intimidatória, já que o Santuário se localiza dentro da Terra Indígena do Bananal, ameaçada pela especulação imobiliária e pelo Governo do Distrito Federal, com o projeto de construção do Setor Noroeste, um bairro para classes A e B que tem movimentado mais de 500 milhões de reais envolvendo empreiteiras e investidores imobiliários.

Não é a primeira vez que uma ação com estas características acontece na área, ano passado, a casa de outro indígena fulniô foi derrubada diretamente pela Terracap com apoio da Polícia Militar do Distrito Federal. O grupo indígena que resiste às diferentes ofensivas à sua terra convive com constantes ameaças e matérias difamatórias veiculadas pela mídia corporativa local.

Na última semana, o Ministério Público Federal, por meio da Procuradora da República Luciana Loureiro de Oliveira, emitiu uma recomendação para que o ibama cancelasse a licença de instalação do Setor Noroeste, recomendando também que a Fundação Nacional do Índio instituisse um Grupo de Trabalho para aprofundar os estudos sobre a tradicionalidade da ocupação. A resposta do Ibama foi de que não cancelaria a licença e que o problema da comunidade indígena é uma questão da Funai, que por sua vez não respondeu a recomendação no prazo estabelecido pela procuradora, o que levou o Ministério Público a se manifestar com a possibilidade de um processo ao presidente do órgão Marcio Meira, por improbidade administrativa e possível prisão.

Assine a Petição em Defesa do Santuário Sagrado dos Pajés